quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A sub-região nordestina do Agreste



Eric Silva  dos Santos
Aspectos físicos

            O Agreste é a segunda sub-região nordestina em importância econômica e se situa numa faixa de terra estreita em seu sentido Leste-Oeste e mais alongada no sentido norte-sul e que se estende do estado do Rio Grande do Norte ao Sul do estado da Bahia. Está estabelecida entre o Sertão de clima quente e seco do tipo tropical semiárido (a oeste) e a Zona da Mata de clima quente e úmido do tipo litorâneo úmido (situada a leste) e por isso se encontra em uma zona de transição entre essas sub-regiões. Devido a essa diferença climática o Agreste apresenta formações vegetais do tipo caatinga e nas áreas mais úmidas, conhecidas como brejos formações florestais semelhantes à Mata Atlântica.

            Essa região apresenta um relevo com uma altitude relativamente elevada chegando entre 500 e 800 m de altura, pois corresponde a área do planalto da Borborema. A Borborema devido sua altitude forma ali verdadeiras barreiras para a penetração de nuvens oriundas do litoral e carregadas de umidade que iriam em direção ao interior do nordeste. As barreiras naturais da Borborema assim acabam por ajudar no fenômeno das secas na sub-região do Sertão. Sobre isso ADAS (1994, p. 79) afirma:

Os “Paredões” ou encostas dos planaltos voltadas para o Oceano Atlântico provocam a ascensão (subida) das massas de ar úmidas vindas do oceano. A temperatura do ar atmosférico, que é menor em altitude maior, provoca a condensação do vapor da água transportado pela massa de ar, podendo ocasionar chuvas (veja figura 8.2). Assim, na porção leste do Agreste, próxima da Zona da Mata, chove mais que na sua porção oeste, próxima do Sertão, como já vimos.
Quando as massas de ar conseguem ultrapassar essa barreira do relevo e penetram em direção ao interior, já são massas de ar secas (com pouca umidade). Esta é um das causas da ocorrência da pouca chuva, o que provoca a seca no Sertão nordestino.

            Os solos se diferenciam de acordo a região, sendo mais férteis e de melhores condições de umidade os solos próximos à Zona da Mata e de baixa fertilidade e pouca umidade os que entram em contato com o Sertão. 

Aspectos econômicos            
            Durante o período colonial, o Agreste era uma zona de policultura e de criação de gado destinada ao abastecimento de gêneros alimentícios para a Zona da Mata. Ainda hoje os vários cultivos (algodão, café, frutas tropicais, arroz, milho e feijão) e a produção leiteira e de gado de corte possui a finalidade herdada do período do Brasil colônia, abastecendo os grandes centros e as cidades do litoral nordestino.
            A produção agrícola é praticada, ao contrario da Zona da Mata, em pequenas propriedades de terra, chamadas de minifúndio. Esses minifúndios são resultado das sucessivas divisões dos antigos latifúndios coloniais que existiam na região através dos séculos, principalmente devido às heranças deixadas de pai para filhos, que dividiam entre si as terras herdadas.
            O agreste também cumpre a função de fornecedora de mão-de-obra temporária aos canaviais da Zona da Mata. Muitos trabalhadores na época do corte da cana-de-açúcar deixam suas pequenas propriedades para se empregarem como trabalhadores temporários para as usinas, os chamados boias-frias, regressando a suas famílias quando termina o período da colheita. Esses trabalhadores sentem tal necessidade de abandonar seus familiares e seus pertences em busca de trabalho insalubres e provisórios devido ao reduzido tamanho de suas propriedades agrícolas “para assegurar a subsistência e um certo progresso social e econômico ao minifundiário e a sua família” (idem, Ibid.).
            Os principais centros urbanos do Agreste são: Campina Grande, no estado da Paraíba, Caruaru, em Pernambuco e Feira de Santana, na Bahia.


ADAS, Melhem. Geografia 2, o Brasil e suas regiões Geoeconômicas. São Paulo: Moderna, 1994. P. 165.

AZEVEDO, Guiomar G. de. Geografia 2: a organização dos espaços e as regiões brasileiras. São Paulo: Moderna, 1996. P. 153.

COELHO, Marcos de Amorim.  Geografia do Brasil. 4ed. São Paulo: Moderna, 1996. P. 400. (Série sinopse)

VESENTINI, J. William; VLACH, Vânia. Geografia Critica 2: O espaço social e o espaço brasileiro. 28ª ed. São Paulo: Ática, 2000. P. 144.


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

A sub-região nordestina da Zona da Mata

Eric Silva dos Santos

           Aspectos Físicos
        O nordeste brasileiro é subdividido em quatro grandes sub-regiões que foram baseadas em critérios naturais (clima e vegetação) e aspectos socioeconômicos. Entre essas regiões encontra-se a Zona da Mata.
            A Zona da Mata estende-se ao longo de grande parte do litoral nordestino desde o estado do Rio Grande do Norte até o sul da Bahia. Devido a sua localização próxima ao Oceano Atlântico possui um clima quente e chuvoso e originalmente suas terras eram cobertas por florestas tropicais, a chamada Mata Atlântica, que hoje se encontra muito degradada devido a forte exploração que sofreu e ainda sofre desde o inicio da colonização brasileira. A vegetação local foi sendo desmatada inicialmente na exploração do pau-brasil, depois dando lugar aos engenhos de açúcar e as cidades que surgiam e hoje o pouco que sobrou sofre a ameaça das explorações madeireiras, das queimadas e derrubadas para a implantação de lavouras.

            As temperaturas na região costumam ser altas e com elevados índices pluviométricos, oscilando entre 1.300 mm e 2.000 mm de precipitação anual. O relevo é principalmente formado de rochas cristalinas (aquelas que aparecem na natureza, constituída de elementos cristalizados, são rochas magmáticas) e apresenta um maciço na sua porção leste conhecido como Planalto da Borborema e que forma uma espécie de barreira entre essa sub-região e o Sertão.  Ele é responsável por reter a umidade na Zona da Mata uma vez que as grandes massas úmidas vindas do oceano que tentam transpô-lo acabam deixando quase toda umidade na encosta oriental desse planalto. O relevo da Zona da Mata também é formado por colinas e planícies e o solo é do tipo massapé, o que muito favoreceu o cultivo da cana-de-açúcar.
   
            Aspectos Econômicos e Populacionais   


           A Zona da Mata é a sub-região nordestina mais dinâmica economicamente do Nordeste.  Sua primeira atividade econômica foi extrativista, sendo o pau-brasil o grande interesse dos colonizadores portugueses durante os 30 anos do período de pré-colonização. Mas logo a economia extrativista foi dando lugar ao cultivo de cana-de-açúcar com a implantação dos engenhos de açúcar.
            A implantação dos engenhos de açúcar na Zona da Mata se deu no século XVI quando o comércio de especiarias se encontrava em crise e mantê-lo se tornava cada vez mais custoso devido aos ataques piratas e os tão comuns naufrágios. Além disso, o governo português sentiu que poderia perder os territórios atualmente pertencentes ao Brasil para outros países europeus. Tudo impelia então a ocupação imediatamente da nova terra e a procurar uma nova forma de manter os lucros. Naquela época açúcar era um artigo de luxo devido sua raridade e encontrando clima e solo propício nas terras da Zona da Mata para o cultivo da cana-de-açúcar Portugal acha uma maneira de incentivar a colonização através de um comércio lucrativo.

            Ali na Zona da Mata foram implantados os engenhos canavieiros, que era na verdade as propriedades onde o açúcar era produzido sob o comando dos senhores de engenho e com o trabalho escravo. Assim com a crescente importância da produção do açúcar, que partir dali se tornou o principal produto comerciário de Portugal, toda a vida social dentro da região nordeste da colônia passou a ser organizada em torno da produção do açúcar. Nessa organização se encontrava o senhor de engenho e sua família no topo da pirâmide, seguido dos trabalhadores livres (assalariados) e dos escravos que podiam ser de negros africanos ou indígenas e que formavam a maior parcela da população. Dentro do engenho o senhor tinha poderes quase que absolutos, e nada era feito sem seu consentimento, mas sua influência e ainda mais longe, pois estes ainda participavam da vida politica da região ocupando cargos nas câmaras municipais das vilas, onde eles estabeleciam suas leis. Nesse periodo não existia moilidade social devido a impossibilidade de se mudar de classe,  uma vez que um escravo sempre seria escravo e um senhor nunca perderia sua posição.





           No processo de implantação e funcionamento da economia engenheira a sub-região antes coberta pela densa floresta tropical foi dando lugar aos latifúndios canavieiros com extensões imensas plantadas apenas com cana.  Com o passar dos séculos os engenhos vão dando lugar as usinas de açúcar aliando as técnicas agrícolas com as industriais no que chamamos de agroindústria. Essas mesmas usinas hoje são também responsáveis pela produção do álcool.
            Mas a Zona da Mata não sobreviveu e sobrevive economicamente apenas do açúcar. No litoral sul da Bahia também se desenvolveu o cultivo do cacau que foi introduzido inicialmente na região de Ilhéus no século XIX e até hoje juntamente com Itabuna produzem em torno de 90% de toda a produção brasileira de cacau. Houve também a lavoura de tabaco se desenvolveu no Recôncavo Baiano. Todas essas culturas sem exceções foram voltadas para o mercado externo o que nós chamamos de produção para a exportação, ou seja, para ser vendido para fora do país. Outra produção que se destaca nessa sub-região litorânea é a produção do sal marinho, o mesmo que se usa na alimentação, e que é produzido no litoral do Rio Grande do Norte.
            A Zona da Mata também é a sub-região nordestina mais povoada e industrializada do Nordeste.  Maioria das indústrias nordestinas localizam-se no Zona da Mata, principalmente concentradas nas áreas metropolitanas das capitais da Bahia, de Pernambuco e do Ceará (Salvador, Recife e Fortaleza, respectivamente). Os demais centros industriais também se situam nas capitais estaduais e em sua grande maioria dentro da Zona da Mata. No que diz respeito à população a Zona da Mata atinge os maiores índices de densidade demográfica como se constata no mapa abaixo do IBGE (2007). Densidades que passam dos 100 habitantes por km2 e que se explica pela importância econômica do lugar.

 ADAS, Melhem. Geografia 2, o Brasil e suas regiões Geoeconômicas. São Paulo: Moderna, 1994. P. 165.

AZEVEDO, Guiomar G. de. Geografia 2: a organização dos espaços e as regiões brasileiras. São Paulo: Moderna, 1996. P. 153.

GUERRA, Antônio Teixeira. Dicionário Geológico-Geomorfológico. IBGE: Rio de Janeiro, 1966, P. 411.

VESENTINI, J. William; VLACH, Vânia. Geografia Critica 2: O espaço social e o espaço brasileiro. 28ª ed. São Paulo: Ática, 2000. P. 144.


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